Final dos anos 1400 e início de 1500. O Brasil estava sendo “descoberto” por navegadores da Coroa Portuguesa. Neste mesmo período, na Europa Mediterrânica Itálica, mais precisamente no Reino da Toscana, um certo gênio ariano chamado Leonardo da Vinci ocupava todo o seu tempo disponível para dar vazão a sua imaginação, mantendo em prática os seus sonhos.
Os cientistas atuais afirmam que a modernidade em que vivemos hoje não seria possível, se não fosse graças a Leonardo e seus experimentos, entre eles o avião, o helicóptero, o tanque de guerra, o automóvel, a engenharia mecânica, a anatomia humana e muito mais.
E entre as inumeráveis criações “Leonardianas” se encontra a Bicicleta. O primeiro protótipo era feito em madeira, pesada e desconfortável, mas a ideia era clara: deslocar-se sobre duas rodas.
Quinhentos anos se passaram, a bicicleta foi aperfeiçoada, foi melhorada e modernizada, e segundo uma estatística da ONU, estima-se que noventa por cento da população mundial ao menos uma vez na vida usou-a como meio de transporte.
Os Europeus detêm a supremacia absoluta no uso da bicicleta, mesmo sendo este continente com fortes perturbações climáticas, como por exemplo as baixas temperaturas do período invernal. Reza um ditado Toscano que um autêntico europeu sai da barriga da mãe e vai para o carrinho de bebê, e deste... para a bicicleta!
Verdade e nada mais do que a verdade. Na maior parte das grandes metrópoles ou cidades de arquitetura européia as vias de circulação(ruas), são divididas em: parte para os automóveis, calçada e ciclovia, esta última bem reconhecida por serem pintadas de vermelho, uma iniciativa criada pelo próprio Parlamento Europeu, para incentivar as pessoas a utilizarem menos os poluentes automóveis e mais esse meio de transporte ecológico e saudável que dispomos, A bicicleta.
Aqui na Itália, sobretudo em Firenze, dispomos de uma grande rede de ciclovias, que liga todos os pontos cardinais da cidade, e estas ciclovias são muito utilizadas sobretudo durante os períodos de primavera e verão, enquanto que no norte do país, apesar de ser uma região montanhosa, o povo do norte enfrenta os desníveis do solo naturalmente em cima da bicicleta. E em alta montanha, o “trekking” no fim de semana é um esporte espetacular, independente da idade das pessoas que praticam. E realmente se vêem pessoas com mais de 70 anos que com suas bicicletas desfilam velozmente entre as ruas das pequenas cidades montanhosas, por puro prazer.
Mas nada comparado com o norte da Europa, onde a consciência cívica, ecológica e saudável das pessoas são altamente consideradas. Para se ter uma ideia, em Bruxellas, sede do Parlamento Europeu, as ruas centrais foram concebidas para o uso das bicicletas, e ao contrário da maior parte das cidades do mundo em que os ciclistas devem dar a preferência para os automóveis, ali os automóveis é que devem dar toda a preferência para o tráfico de bicicletas, ou seja, se em uma esquina se observa que esta para passar um ciclista, o trânsito literalmente pára, e só recomeça quando oportuno.
É de uma certa importância citar que boa parte dos parlamentares da União Européia, que seja, de Bruxellas ou Strasburgo, usam a bicicleta para se deslocarem ao trabalho. E aqui se tratam de grandes cérebros capazes de decidir a vida de pessoas de 27 nações.
Na rica Hamburgo no norte da Alemanha as pessoas usam o transporte público ou a bicicleta, tanto é verdade que a maior parte das largas ruas o tráfico de automóveis é sempre sereno, em compensação as ciclovias são altamente freqüentadas por pessoas de todos os tipos, raças e posição social. Detalhe: se um dia você puder visitar um destes lugares, você como pedestre NUNCA invada a ciclovia, você será banido imediatamente.
Um belíssimo hábito dos europeus é o de ir de férias e levar as bicicletas, atracadas na parte traseira das sofisticadas “casas móveis”(roullottes), assim quando chegam na cidade de destino, estacionam e saem pela cidade pedalando, o chamado turismo agrário.
Desde o inicio da crise economica global de 2008, não somente na Europa, mas em todo o mundo a consciência ecológica esta sendo reconsiderada, re-estudada e reavaliada, tanto é verdade, que o novo presidente dos EUA está sendo rígido sobre esta questão, e os próprios americanos desde sempre taxados de carros-dependentes, estão mudando de costume e se observa através de reportagens que somente na cidade de Nova York houve um acréscimo de 15% nas vendas de bicicletas nos últimos 6 meses...
Dos Estados Unidos ao Japão, do Brasil a Rússia, da Itália a África do Sul, se observa que o mundo inteiro esta passando por uma fase de forte evolução, processo que não quer dizer, novas tecnologias no ramo dos transportes, mas o reutilizo de uma invenção criada a meio milênio de anos atrás, e agora esta sendo bem reconsiderada, e reutilizada. E com este novo/velho habito se espera dar um pouco de fôlego para a bem sacrificada natureza, antes que seja tarde para todos.
Nunca é tarde para recomeçar, este é o momento para reconsiderar os nossos comportamentos dentro da coletividade global. Usar menos os meios movidos a combustão fóssil, e mais a força do próprio corpo (pedalando) para nos deslocar, isso não quer dizer retrocesso, mas processo avançado de auto progresso na vida de cada um de nós.
Por Luidjy Caetano (EcoReporter – Italia)
Luidjy Caetano é brasileiro, saiu de Curitiba a quase 10 anos para estabecer-se na Europa. Agora cidadão italiano, mora em Firenze. Luidjy será um dos nossos correspondentes na Europa. Notícias , novidades e dicas sobre ecologia, estilo e mobilidade sustentável . Assuntos tratados sobre a ótica de quem conhece duas realidades, Brasil/Europa.
As fotos desse post foram tiradas por ele a caminho do trabalho, em Firenze.
Ótimo texto.
ResponderExcluirSempre é interessante, saber o que acontece em outros países, outras culturas.
E o legal, é que a visão de um brasileiro!